domingo, 12 de fevereiro de 2012

CURIOSIDADES CARNAVALESCAS

Qual a origem do Rei Momo?


Tudo indica que essa rechonchuda figura carnavalesca tenha sido inspirada em um personagem da Antiguidade clássica. Na mitologia grega, Momo era o deus do sarcasmo e do delírio. Usando um gorro com guizos e segurando em uma mão uma máscara e na outra uma boneca, ele vivia rindo e tirando sarro dos outros deuses. Com esse jeitão esculachado, aprontou tantas que acabou expulso do Olimpo, a morada dos deuses. Ainda antes da era cristã, gregos e romanos incorporaram essa figura mitológica a algumas de suas comemorações, principalmente as que envolviam sexo e bebida. Na Grécia, registros históricos dão conta que os primeiros reis Momos de que se tem notícia desfilavam em festas de orgia por volta dos séculos 5 ou 4 a.C. Geralmente, o escolhido era alguém gordinho e extrovertido - provavelmente vem daí a inspiração para a folia brasileira. Já nas bacanais romanas, os participantes selecionavam um Rei Momo entre os soldados mais belos do exército.
"Esse ‘monarca’ era o governante de um período de liberdade total e desfrutava de todas as regalias durante a festa, como comidas, bebidas e mulheres", diz o historiador Hiram Araújo, diretor cultural da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). No Brasil, a tradição de eleger um Rei Momo durante o Carnaval apareceu primeiro no Rio de Janeiro, em 1933. Naquele ano, a coroa foi entregue ao jornalista Morais Cardoso, que ocupou o trono até morrer, em 1948. A novidade fez sucesso e hoje várias cidades brasileiras também escolhem seu Momo. Em 2004, o concurso carioca trouxe uma novidade: para não estimular a obesidade, o prefeito César Maia liberou a exigência de peso mínimo para os candidatos ao posto. Tanto que o vencedor da eleição, o carioca Wagner Monteiro, tem apenas 85 quilos. "O concurso agora privilegia outros critérios, como a capacidade de comunicação do candidato, sua irreverência e uma pitada de samba no pé", afirma Hiram.
No seu reinado, o Rei Momo recebe a chave da cidade, que simbolicamente governa durante o Carnaval. Para ajudar na tarefa, o monarca carioca recebe um salário bem gordinho, de 9 mil reais.

Quem são o Pierrô, o Arlequim e a Colombina?

São personagens de um estilo teatral conhecido como Commedia dell’Arte, nascido na Itália do século XVI. Integrantes de uma trama cheia de sátira social, os três papéis representam serviçais envolvidos em um triângulo amoroso: Pierrô ama Colombina, que ama Arlequim, que, por sua vez, também deseja Colombina. O estilo surgiu como alternativa à chamada Commedia Erudita, de inspiração literária, que apresentava atores falando em latim, naquela época uma língua já inacessível à maioria das pessoas. Assim, a história do trio enamorado sempre foi um autêntico entretenimento popular, de origem influenciada pelas brincadeiras de Carnaval. Apresentadas nas ruas e praças das cidades italianas, as histórias encenadas ironizavam a vida e os costumes dos poderosos de então. Para isso, entravam em cena muitos outros personagens, além dos três mais famosos.
Do lado dos patrões, por exemplo, havia um comerciante extremamente avarento (chamado Pantaleão), um intelectual pomposo (o Doutor) e um oficial covarde, mas metido a valentão (o Capitão). Outros personagens típicos eram o casal Isabella e Orácio (em geral, filhos de patrões) e outros serviçais. Apesar de obedecerem a um enredo predefinido, as peças tinham a improvisação como ingrediente principal, exigindo grande disciplina e talento cômico dos atores, que precisavam responder rapidamente às novas piadas e situações criadas pelo colegas.
"Até hoje, a Commedia dell’Arte é um método de grande riqueza para o aprendizado e o treinamento do ator", afirma a atriz Tiche Vianna, formada pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP), com especialização em Commedia dell’Arte pela Universidade de Bolonha e Florença, na Itália. Um detalhe interessante é que sempre havia, no meio do espetáculo, um intervalo chamado lazzo, que podia ter mais comédia, apresentar acrobacias ou sátiras políticas sem qualquer relação com o enredo. Terminado o lazzo, a história continuava do ponto em que havia sido interrompida. Com esse estilo único, a Commedia dell’Arte influenciou a arte dramática de toda a Europa.

Intriga amorosa e sátira social eram os pratos principais da antiga comédia italiana

Pierrô
Seu nome original era Pedrolino, mas foi batizado, na França do século XIX, como Pierrot e assim ganhou o mundo. O mais pobre dos personagens serviçais, vestia roupas feitas de sacos de farinha, tinha o rosto pintado de branco e não usava máscara. Vivia sofrendo e suspirando de amor pela Colombina. Por isso, era a vítima preferida das piadas em cena. Não foi à toa que sua atitude, sua vestimenta e sua maquiagem influenciaram todos os palhaços de circo.

Pantaleão
O mais conhecido dos personagens patrões, que representavam a elite da sociedade italiana nas histórias da Commedia dell’Arte, Pantaleão (também chamado de "O Velho") era um "mercador de Veneza" (expressão que deu título a uma peça de Shakespeare). Tirano avarento e galanteador desajeitado, era alvo constante das gozações dos servos e de outros personagens da trama.

Arlequim
Também servo de Pantaleão, Arlequim era um espertalhão preguiçoso e insolente, que tentava convencer a todos da sua ingenuidade e estupidez. Depois de entrar em cena saltitando, deslocava-se pelo palco com passos de dança e um grande repertório de movimentos acrobáticos. Debochado, adorava pregar peças nos outros personagens e depois usava sua agilidade para escapar das confusões criadas. Outra de suas marcas-registradas era a roupa de losangos.

Colombina
Criada de uma filha do patrão Pantaleão, mas tão bela e refinada quanto sua ama, Colombina era também o pivô de um triângulo amoroso que ficaria famoso no mundo todo - de um lado, o apaixonado Pierrô; do outro, o malandro Arlequim. Para despertar o amor desse último, a romântica serviçal cantava e dançava graciosamente nos espetáculos.


Escolas de Samba

No início do século XX, quando o Carnaval já estava estabelecido no Rio de Janeiro, a população mais pobre brincava em bailes separados e as rodas de samba eram vistas como marginais. Entre elas, destacavam-se as festas na Praça Onze, no bairro do Estácio. 
Para fugir do estigma de vagabundos e malandros, os sambistas resolveram se organizar. Em 1928, Ismael Silva e Bide, entre outros, criaram o bloco “Deixa Falar”. Perto do local em que o grupo se encontrava havia uma escola regular e Ismael Silva criou o termo “Escola de Samba” para se referir ao grupo, já que eles também eram professores ou mestres em samba. 
O bloco “Deixa Falar” se transformou na primeira escola de samba que se tem notícia (Escola de Samba Estácio de Sá). Eles passaram a escolher todo ano um tema que definiria as fantasias e a música, como acontece até hoje. 
Os cordões, blocos e escolas de samba do Rio de Janeiro foram oficializadas em 1935, sendo registrados como grêmios recreativos. Assim, o Carnaval da população de baixa renda foi ganhando a simpatia dos demais setores da sociedade, de intelectuais e artistas, que naquela época começavam a se interessar pela cultura popular e frequentar as reuniões de sambistas.
Em 1962, o Departamento de Turismo do Rio construiu arquibancadas na avenida Rio Branco para que a população pudesse assistir aos desfiles. As apresentações na Passarela do Samba ou Sambódromo só aconteceram a partir de 2 de março de 1984, quando o local foi inaugurado, com 700m de comprimento e 13m de largura. Mangueira e Portela, empatadas, vencem o primeiro Carnaval disputado na Marquês de Sapucaí. 




         

Nenhum comentário:

Postar um comentário