sábado, 7 de julho de 2012

Centenário de Jorge Amado


 Jorge Amado nasceu na fazenda Auricídia, em Ferradas, município de Itabuna. Filho do "coronel" João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado, foi para Ilhéus com apenas um ano e lá passou a infância e descobriu as letras. A adolescência ele viveria em Salvador, no contato com aquela vida popular que marcaria sua obra.
Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia", época em que também escreveu na revista literária "A Luva".
Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Seus primeiros romances foram "O País do Carnaval" (1931), "Cacau" (1933) e "Suor" (1934).
Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceria a profissão de advogado. Em 1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro". De 1935 a 1944, escreveu os romances "Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães de Areia", "Terras do Sem-Fim" e "São Jorge dos Ilhéus".
Em parte devido ao exílio no regime getulista, Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu na Argentina e no Uruguai (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50) e em Praga (1951-2).
Voltando para o Brasil durante o segundo conflito mundial, redigiu a seção "Hora da Guerra" no jornal "O Imparcial" (1943-4). Mudando-se para São Paulo, dirigiu o diário Hoje (1945). Anos depois, no Rio, participaria da direção do semanário "Para Todos" (1956-8).
Em 1945, foi eleito deputado federal por São Paulo, tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. De 1946 a 1958, escreveria "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" e "Gabriela, Cravo e Canela".
Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (sucedendo a Otávio Mangabeira). Na década de 1960, lançou os romances "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água", "Os Velhos Marinheiros, ou o Capitão de Longo Curso", "Os Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda dos milagres". Nos anos 1970, viriam "Teresa Batista Cansada de Guerra", "Tieta do Agreste" e "Farda, Fardão, Camisola de Dormir".
Suas obras foram traduzidas para 48 idiomas. Muitas se viram adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a televisão e até as histórias em quadrinhos, não só no Brasil, mas também em Portugal, França, Argentina, Suécia, Alemanha, Polônia, Tchecoslováquia (atual República Tcheca), Itália e EUA. Seus últimos livros foram "Tocaia Grande" (1984), "O Sumiço da Santa" (1988) e "A Descoberta da América pelos Turcos" (1994).
Além de romances, escreveu contos, poesias, biografias, peças, histórias infantis e guias de viagem. Sua esposa, Zélia Gattai, é autora de "Anarquistas, Graças a Deus" (1979), "Um Chapéu Para Viagem" (1982), "Senhora Dona do Baile" (1984), "Jardim de Inverno" (1988), "Pipistrelo das Mil Cores" (1989) e "O Segredo da Rua 18" (1991). O casal teve dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças infantis; e Paloma, psicóloga.
Jorge Amado morreu perto de completar 89 anos, em Salvador. A seu pedido, foi cremado, e as cinzas, colocadas ao pé de uma árvore (uma mangueira) em sua casa.

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